Um intruso no ninho: cucos e o parastismo
Disponível em: https://simple.wikipedia.org/wiki/Cuckoo
A espécie hospedeira, que cuida de um filhote que não é dela, muitas vezes deixa de cuidar de seus próprios, podendo deixá-los bem fracos, o que pode levá-los a morte. Além disso, eles podem ser assassinados, visto que, em algumas espécies de cuco, os filhotes podem empurrar, para fora do ninho os filhotes da espécie hospedeira.
Mas não pense que os cucos são monstros e que vivem para prejudicar essas espécies que eles parasitam. A linha que separa uma relação benéfica de uma prejudicial pode ser muito tênue e pode variar de acordo com a situação. É o que chamamos de relação dependente de contexto.
Para ilustrar isso, vamos ver mais afundo uma espécie de cuco em que o filhote é menor do que seus irmãos de ninho (ou seja, dos filhotes do ninho parasitado) e que não tem o comportamento de assassiná-los. A espécie que mantém esse cuco no ninho, uma espécie de corvo no exemplo em questão, pode se prejudicar por estar cuidando de um filhote a mais, mas isso depende de quantos predadores de corvos existem na região no momento. Não fez sentido? Bom, é porque os cucos que parasitam o ninho desses corvos possuem uma glândula que secreta um odor que afasta os predadores de corvo, protegendo o ninho. Dessa maneira, quando não há muitos predadores, cuidar de um cuco é só um gasto a mais para a mamãe corvo, mas quando se está em meio a muitos predadores, cuidar de um cuco para garantir a sobrevivência de todos os seus filhotes dá mais lucro do que prejuízo.
Esse é um caso que ilustra bem a natureza como um sistema complexo, que ainda entendemos pouco, mas que pode nos ajudar em aplicações práticas. Entender que uma relação que sempre vimos como parasitismo e como prejudicial para a espécie hospedeira, pode vir a ser benéfica quando consideramos um cenário de perigo.
Saiba Mais:
Assista ao vídeo.
Leia o artigo "From parasitism to mutualism: unexpected interactions between a cuckoo and its host" de Canestrari (2014)
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