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Gênero, sexo e machismo: vamos falar sobre isso?




Ser mulher é usar vestido, maquiagem, salto alto? É ter cabelo comprido, ser vaidosa, delicada? É gostar de moda? É cuidar da casa e ter filhos? E ser homem? É ter barba, usar roupas mais largas e comuns e ser robusto? É gostar de futebol? É sustentar a família? Tudo isso vale ou só algumas coisas? Ou nada? Afinal, o que é preciso para pertencer aos grupos “homem” e “mulher”?
Cada uma dessas características – como “futebol é coisa de homem” e “rosa é cor de mulher” – fazem parte da construção social de gênero: são aspectos culturais, estereótipos associados à masculinidade ou à feminilidade. Na sociedade, se você for um homem que gosta de rosa ou uma mulher que gosta de futebol você é alvo de julgamentos e preconceitos, pois o gênero masculino é imposto às pessoas de sexo masculino bem como o gênero feminino é imposto às pessoas de sexo feminino.
Se uma pessoa nasce com um determinado sexo mas não se identifica com o gênero que lhe é imposto, essa pessoa é é transgênero, ou simplesmente trans. Como por exemplo uma pessoa que nasceu com o sexo feminino mas nunca se identificou com ele, se identificando desde jovem com o gênero masculino. Agora, independente do sexo que uma pessoa nasce e do sexo que essa pessoa se identifica, existe o que ela sente atração. Uma pessoa pode ser homem, se identificar como homem e sentir atração por homens. Este é um caso de homossexualidade: sentir atração pelo mesmo sexo.
A sociedade no geral não aceita, por exemplo, que mulheres trans (ou seja, aquelas que nasceram com o sexo masculino mas que se identificam com o sexo feminino), sejam tratadas simplesmente como mulheres. Dentro dos movimentos feministas e LGBTs, há quem defende que as mulheres trans sejam aceitas simplesmente como mulheres, alegando, entre outros motivos, que não é o órgão genital que define o que a pessoa deve ser ou não. 

Casos de homo e transfobia são muito frequentes na nossa sociedade, muitas vezes alimentados por extremismos religiosos
Esses dois últimos casos – trans e homossexuais – a sociedade trata muito preconceito. Você pode ver isso claramente ao notar que a grande maioria das trans pertencem às classes baixas e se prostituem para sobreviver, tendo acesso restrito à educação e à outros meios de trabalho. Tudo isso, somado às constantes agressões físicas e verbais constitui a chamada transfobia. Para as pessoas homossexuais a situação não é tão diferente. Casos de homo e transfobia são muito frequentes na nossa sociedade, muitas vezes alimentados por extremismos religiosos – você pode perceber isso na quantidade de discursos de ódio que circularam nas redes sociais na última Parada do Orgulho LGBT, vindos na maior parte de cristãos contra a representação de uma mulher trans crucificada que protestava contra a homofobia. Mais frequente que isso são as pessoas que acham que não são homofóbicas quando comentam coisas como "pena que é gay" e "nada contra, tenho até amigos que são". 

Se uma pessoa nasce do sexo masculino (isto é, com o genital masculino), independente da sua identidade (isto é, aquilo que você se identifica mais – feminino ou masculino), ela carrega consigo a misoginia, atitude cultural de “desprezo” ao gênero feminino. Vivemos em uma sociedade patriarcal desde as civilizações antigas (que são a base da nossa civilização atual), onde valores de dominância pertencentes aos homens os fazem perpetuar acima das mulheres – você pode perceber isso claramente no constante assédio que as mulheres sofrem nas ruas, os casos de estupro, a quantidade de mulheres que cuidam da casa enquanto os homens trabalham, as diferenças salariais entre duas pessoas de mesma formação e sexos diferentes, etc. Isso é a base do machismo. Assim, a partir do momento que uma pessoa nasce com o sexo masculino ela já vem com certo “privilégio” em relação às pessoas que nascem com o sexo feminino. O machismo também oprime de certa forma os próprios homens, uma vez que estes são alvos de julgamento – vindo de homens e mulheres – ao fugirem do padrão de “masculinidade” que lhes é imposto, como o medo de elogiar outro homem, de pedir ajuda, de ser romântico, de ouvir certas músicas e ter certos gostos, tudo pela insegurança de parecer “menos macho”. Mas, é claro, são opressões de um âmbito bem menor que no caso das mulheres. Ser feminista, portanto, não é lutar pelo privilégio das mulheres acima dos homens, mas sim lugar pela igualdade entre homens e mulheres.

Assim, qual o desafio enfrentado pelos movimentos de âmbito feminista e LGBT? Nessas lutas há muitas barreiras, como um compilado de políticos conservadores na nossa Câmara de Deputados (e todos os seus seguidores) somada à falta de debate de temas como esses nas escolas do país. Buscar a igualdade é algo muito complicado em uma sociedade que julga o tempo todo, que é regida por valores conservadores e que a cada dia marginaliza mais e mais pessoas que, minorias ou não, concordando ou não, existem na nossa sociedade e como seres humanos devem ser respeitados e devem ter os seus direitos garantidos perante a laicidade do Estado. 



Em um momento em que eu discutia questões de gênero com feministas da minha Universidade, bateu a inspiração para construir um texto que explorasse um pouco esse assunto para incluí-lo neste espaço, o Crânio, que (em parte) me pertence. Eu como homem não tenho tanta credibilidade para falar de tal assunto, portanto contei com o auxílio delas para poder escrever este post.

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