A escola que queremos

Grande parte da população acha simples discutir o ensino no Brasil: Da Educação Infantil ao Ensino Médio a escola pública não presta, a melhor solução é a escola privada. Entretanto, para o Ensino Superior os papéis se invertem. Mas debater toda a educação de um país continental como o Brasil é algo muito mais profundo e complicado do que se imagina.
Primeiramente deve-se ter em mente quão subjetivo é o conceito de qualidade. Por quase toda a história brasileira a educação de qualidade foi considerada como aquela que conseguia formar mão-de-obra de qualidade técnica, super especializada e capaz de ser inserida no mercado como produtor e como consumidor, ou seja, uma simples peça no jogo do comércio e da indústria.
É preciso continuar batendo na velha tecla e reafirmar a importância e a demanda de altos investimentos voltados para a educação para corrigir os enormes problemas que o sistema enfrenta.
Para alguns intelectuais, os chamados Pioneiros da Educação (cujo Manifesto data de 1932), considerados afrente de seu tempo, também podendo ser considerados afrente de nosso tempo, a educação deveria ter um papel social visando à formação de cidadãos, que poderiam assim exercer seus direitos políticos, seu poder econômico e viver dignamente. Além disso, a educação deveria ser capaz de formar trabalhadores para o mundo do trabalho, e não para o mercado de trabalho, como ainda é feito.
Uma vez que se entende a subjetividade do conceito de qualidade é preciso continuar batendo na velha tecla e reafirmar a importância e a demanda de altos investimentos voltados para a educação para corrigir os enormes problemas que o sistema enfrenta, como a falta de valorização dos profissionais de educação, a falta de infraestrutura das escolas, a falta de materiais e muitas vezes a impossibilidade de garantir a permanência do estudante na escola, principalmente por motivos financeiros. Vale lembrar que a educação é um direito da criança (e de todos) e um dever da família e do Estado.
Não se deve esperar que a formulação de leis reguladoras do sistema educacional e um alto investimento na educação pública sejam o suficiente para apagar toda uma história de degradação de sua qualidade, de uma conspiração para que a escola funcionasse como uma fábrica de empregados, a fim de atender os setores industriais. Mas deve-se esperar que esse seja o começo para uma verdadeira mudança. Esquecer que somos programados a afirmar que a escola pública não tem solução, já que nunca se conseguiu levar um plano de reforma educacional até o fim, e lutar para tentar efetivar uma tentativa e assim atestar que a mudança era possível e, principalmente, necessária.